Cromeleque dos Danados: Starblood

26 maio 2017

Starblood

Hoje os pardais discutiam entre si assuntos importantes sobre a vida doméstica. Sorri; que assunto impreterível seria esse para se debaterem tão desenfreadamente? No calor da discussão, sobrou um par de namorados que ainda se reprimiam empaticamente. Depois o meu pensamento voltou ao passado, àquela noite reverberativa de verão, quando assistimos ao fenómeno de um meteoro atravessando o céu. Estávamos nos degraus de uma escadaria diante do pórtico lateral no Rossio da Sé; conversávamos alegremente. «Sabes - dizia eu simpaticamente -, pelos vistos Alicante, aquando da chuva, é uma genuína cidade-fantasma «A sério? Onde é Alicante? «A 200 quilómetros a sul de Valência - respondi - quando, neste somenos, reparo que a atenção nos olhos do meu amigo se prendem subitamente com algo directamente atrás de mim. «O que é aquilo? - perguntou. Virei-me exactamente para onde os seus olhos se crispavam de espanto, e num receio brando de verão, vi diante dos meus olhos, percorrendo vagarosamente a esfera celeste, um astro enorme e lindo. Foram escassos segundos apenas, o suficiente para nos arrebatar de quimera. Lá em baixo, junto ao bar, um pequeno círculo de amigos olhava insolitamente o céu. O Francisco resolveu ameaçar outro ponto de observação e correu à minha frente pelas ruas perdidamente; o astro desaparecia caprichoso por detrás das torres sineiras da Catedral. No outro dia, um directo para a televisão; e o exclusivo da imagem gravada em vídeo. Chamei-lhe Starblood. 


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